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Exposição: “O CENTENÁRIO DE UMA JÓIA” NO THEATRO MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO

Por Tereza Cristina de Oliveira* O Sistema Firjan, através da Escola de Joalheria do Senai-RJ, promove em comemoração aos 100 anos do Theatro Municipal, a exposição “O Centenário de uma Joia”, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. A exposição … Continuar lendo

Entrevista exclusiva da cantora Maria Gadú, fenômeno do novo cenário musical do país, cedida à jornalista Isabella Menezes

Estrela Iluminada

A cantora Maria Gadú floresce no cenário musical brasileiro com sua voz fantástica seu jeitinho cativante.

por Isabella Menezes

A sensação que se tem é de que ela está em todos os lugares. Sua música está em mais de duzentas postagens no YouTube, seu nome tem 192 mil referências no Google, seus espetáculos lotam casas de show e centros culturais, uma de suas músicas é trilha sonora da personagem princinpal da novela das oito da Rede Globo e outra música também se encontra natrilha da novela das sete e ainda é possível encontrá-la cantando a música principal do filme Sonhos Roubados, da diretora Sandra Werneck. Como se não bastasse, ela ainda arruma tempo para gravar participações especiais em projetos de amigos e também fazer um som com eles. O nome desse furacão musical é Maria Gadú e sua linda voz é o motivo de todo esse agito no meio cultural.

Pouca idade, grande maturidade

Se engana quem pensa que, aos 22 anos, ela é uma estreante e inexperiente cantora com uma boa garganta e muita sorte. O talento incontestável reside na voz suave e melódica e em muito trabalho e dedicação em tão pouco tempo de vida. Maria é um fenômeno. E não está nem aí para isso. Simpática e muito simples no jeito de ser, ela conta sorrindo, uma história engraçada de sua infância. Com uma naturalidade surpreendente, Maria Gadú explica que antes de completar 10 anos de idade, sentou para descansar em uma pedra, depois de aprontar umas travessuras com seu irmão e ali, sozinha, comtemplando o mar da praia de Aventureiro, na Ilha Grande, compôs uma música inteira, letra e melodia. “- Assim, de uma vez só! Simplesmente veio. Veio tudo, a música pronta, completa. Geralmente é assim quando componho. Vem tudo na minha cabeça já prontinho!”, diz ela com um jeito meigo e tímido de quem não faz a menor questão de se vangloriar do fato de ter composto uma música ainda criança e de que em 2010 completa 10 anos de carreira. Carreira sim, mesmo que ela não goste de dar esta nomenclatura, para não parecer que havia mais trabalho do que prazer no que fazia durante o período em que cantou na noite de São Paulo. Abrindo o largo e infantil sorriso, ela tenta convencer quem está ao seu redor de que sua trajetória de vida é bem comum e fácil de achar. Humilde sem ser piegas, ela fala o quanto acha normal o fato de ter começado a cantar aos 13 anos de idade, com a autorização e o apoio incondicional de sua mãe. Pelas muitas vezes que sua mãe é citada na entrevista e pela maneira dedicada e respeitosa como fala dela, fica nítida a relação de amizade, parceria, admiração e cumplicidade que as duas tem entre si. Maria nasceu em São Paulo e foi criada com a mãe e a avó, Dona Cila, para quem compôs uma linda canção de mesmo nome  e que está em seu disco, como forma de exorcizar a saudade depois de sua morte. Foi um período bem ruim na vida da jovem cantora, que já tinha alguns anos de estrada e apenas 20 anos de idade. “-Parei de cantar. Simplesmente não tinha a menor vontade. Só canto quando quero e canto porque amo cantar. Perdi a inspiração, o tesão no negócio. Minha avó era uma coisa muito linda na minha vida e foi difícil aceitar a perda e por a cabeça no lugar. Fiquei confusa e resolvi viajar pra mudar de ares.” diz ela.

Amigos, a família que ela escolheu para si

Nessa época os amigos que a acompanham até hoje entraram em cena mais fortemente. Doga, percussionista da banda composta por 5 músicos que acompanha Maria Gadú pelos shows, foi peça fundamental para que ela superasse essa fase. Ele ia para a casa da cantora, que na época morava sozinha ainda em São Paulo e, papo vai, papo vem, conseguia fazer com que ela se alimentasse e, de vez em quando, até cantasse alguma coisa. Foi com ele que Maria foi à Itália em 2007, onde passou 4 meses experimentando tocar de variadas e divertidas maneiras. Tocou nas ruas da Irlanda, e num festival de música, na Itália, com a mesma empolgação que mantem até hoje em seus shows. Durante a conversa, ela nos conta uma experiência intrigante, quando, na Itália ela foi comer num restaurante que era famoso por ser frequentado pelo tenor Luciano Pavarotti. Ela, sendo sua fã (o primeiro vinil que ela lembra ter ouvido foi do cantor e pertencia à sua avó), estava muito feliz e empolgada em companhia de seu amigo quando, de repente, chega a notícia da morte do tenor. “-Cara, foi muito estranho. Eu ali, onde o cara comia e aí chega a notícia de que ele tinha morrido. Foi triste”, revela.

De volta ao Brasil já com as energias renovadas, resolveu passar as férias do verão de 2008 em Ilha Grande, lá onde tinha composto aquela primeira canção, sentadinha na pedra. Esta canção é hoje a trilha musical da primeira protagonista negra de uma novela das oito. “Shimbalaiê” embala a personagem de Taís Araújo por suas andanças em Búzios e, quando pergunto sobre esse fato importante em sua vida, ela diz apenas que se sente feliz porque a música toca quando estão mostrando cenas do mar e que isso realmente tem a ver com a forma como ela foi feita. E só! Vaidade sobre esse sucesso repentino e sólido? Nenhuma! E, de verdade. Despojada, tranquila e cativante, a super comentada Maria Gadú parecia à vontade, sentada numa mesinha pequena, no bar Cabidinho, em Botafogo, onde conversamos por horas, acompanhada de suas produtoras e alguns chopinhos. Enquanto conversávamos, ela contou sobre sua forte ligação com o Rio de Janeiro, já que seu pai morava aqui e ela sempre vinha passar as férias com ele. Por isso a cidade lhe cai tão bem e ela parece super ambientada com o jeito carioca de ser. Quando chegou aqui naquele verão, já recuperada da perda da avó e encontrando novamente a alegria de cantar, Maria veio para ficar 1 semana, como ela mesma diz, e está há quase dois anos direto, por conta do rumo que sua vida tomou de lá para cá. De repente, é como se uma varinha de condão mágica tivesse lhe tocado a testa e transformado sua história, ampliando seus horizontes e, apresentando para o mundo essa cantora brilhante, capaz de embalar romances e animar festinhas com a mesma categoria de uma grande diva da música.

Graças aos amigos, sobre quem faz questão sempre de mencionar, ela foi ficando, foi ficando, foi ficando, fazendo pequenos shows para ganhar um dinheirinho e ajudar a se manter por aqui, enquanto morava na casa de alguns deles. Um destes de quem Maria fala com gratidão aparente é Leandro Léo, ator e cantor, que com ela divide uma grande parceria musical, além do forte laço de amizade. Ele participa dos shows dela e ela também aparece para cantar nos shows dele. O cantor, que atualmente ensaia um musical infantil chamado “ O Barbeiro de Ervilha”, sob a direção de Daniel Hertz também pode ser visto na novela Poder Paralelo da Rede Record. Ele e a produtora e anjo-da-guarda da cantora, Renata Donec forneceram a estrutura necessária para que ela pudesse se reconciliar com a música e voltar a fazer shows. Nesta época reencontrou-se com um grande amigo de infância lá de São Paulo, o também ator Rafael Almeida, por acaso, cunhado do diretor Jayme Monjardim.

No lugar certo, na hora certa

Como diz o ditado, “A pessoa é para o que nasce” e a oportunidade de mostrar seu trabalho para alguém que realmente pudesse trazê-la à tona para conhecimento do grande público se deu de maneira tranquila e espontanea, apesar dela ter fícado tímida como sempre fica, quando tem que cantar “na frente de alguém”. Ela não tem nenhum problema em enfrentar o público aficcionado e fiel que adquiriu em tão pouco tempo de Rio e que lhe cobra atenção em voz alta, durante seus shows, mas fica enrubescida e sorri de canto de boca quando alguém lhe pede que cante algo assim, de repente. Mas aconteceu. Jayme, que estava produzindo a minissérie Maysa, sobre a vida de sua mãe, caiu de encantos pela bela voz da pequenina cantora e, a partir daí, as coisas fluiram naturalmente. Ela gravou uma participação na minissérie e daí pra frente não parou mais.

Experiente e com uma carreira toda pela frente

O resto a gente vai descobrir agora. Maria lançou seu primeiro CD em agosto deste ano e vai começar uma turnê nacional no final de outubro, apresentando um show em que toca de Noel Rosa à Sandy, além de suas próprias canções. Tudo na maior classe. Na sua lista de fãs estão João Donato, Caetano Veloso, Milton Nascimento, um enlouquecido e organizado Fã-Clube, com quem a cantora sai para beber chopp sempre que tem tempo (e ela faz questão de ter), a Revista Agito Rio e todo aquele que cai nas graças de sua voz, ao ouvir as músicas do cd que leva seu nome e que traz 13 músicas, entre inéditas de sua autoria e regravações antológicas, como Baba Baby, de Kelly Key e a História de Lily Brow, de Chico Buarque e Edu Lobo. Vale a pena conferir e se entregar a esta viagem musical que a voz e as composições de Maria Gadú são capazes de proporcionar.

Nome completo: Maria Gadú

Data de nascimento: 04/12/1986

Sonho: continuar cantando

Lazer: sair com amigos e fã clube pra beber e bater papo

Restaurante: Buffet Mariana Vidal

Praia: Ilha Grande (toda)

Viagem marcante: Itália, 2007

Uma cantora: Marisa Monte

Um cantor: todos

Pessoa especial: Dona Cila (avó)

Livro: Filosofia Johrei – “ O Bom, o Bem e o Belo”

Passeio que recomenda no Rio: uma volta na Lagoa Rodrigo de Freitas, onde mora

Uma frase: Não curto drogas!

Maria Gadú em uma palavra: música

Proibição de execução de funk e bailes cria polêmica no Dona Marta

Um problema delicado tem incomodado os moradores da comunidade Dona Marta, em Botafogo, e outras comunidades do Rio de Janeiro. Em julho deste ano foi decretada a proibição de manifestações que envolvam o sempre polêmico porém legítimo, funk carioca. A problemática começou quando algumas normas da lei estadual 5.265, de autoria do ex-deputado e ex-chefe de polícia Álvaro Lins, começaram a determinar que, para realizar um baile funk é necessário pedir autorização com 30 dias de antecedência, ter comprovante de tratamento acústico, ter um banheiro químico para cada 50 pessoas e câmeras no local, além de outras regras. O pedido de autorização para a realização do evento deverá informar ainda a expectativa de público, o número de ingressos colocados à disposição, nome do responsável pelo evento, área para estacionamento e previsão de horário de início e término do baile. Ou seja: impossível de se cumprir para os bailes que acontecem na grande maioria das comunidades e favelas do Rio de Janeiro e que são, sem dúvida, a melhor e mais procurada opção de lazer para os moradores da região. A alegação de que o funk está diretamente ligado ao aumento da criminalidade em algumas regiões da cidade é fraca e cai diante do poder e da disseminação que este ritmo de música alcançou. Ele está em bailes nos morros tanto quanto está nas maiores e mais chiques casas de recepção da cidade e do país. O ritmo é de fato, o número 1 de 10 entre 10 pedidos aos Djs que animam essas festas. Nem por isso a criminalidade aumentou nas áreas chiques, onde ficam as melhores casas da cidade e onde o policiamento é bem mais reforçado. O que se percebe mesmo é um tom discriminatório em relação à música e, principalmente, aos consumidores direto delas, as pessoas que moram onde brota a inspiração para tamanha diversidade de gêneros, letras de cunho pejorativo e muitas vezes até violento. Seja como for, a perseguição à determinado ritmo inevitavelmente nos remete à um passado de violência, quando a polícia prendia e espancava os compositores e músicos do que hoje é conhecido como a legítima representação da música brasileira, o bom e velho samba. Nao podemos esquecer da Lei da Vadiagem, que no século passado existia exclusivamente para punir músicos e apreciadores do samba. Lembrar que o grande Cartola foi espancado por sem um exímio sambista e músico é de arrepiar os cabelos. Imaginar que isso pode voltar a acontecer neste século com quem gosta ou compõe funk é inadmissível. Independentemente do teor das letras e do conteúdo de suas mensagens, a liberdade de expressão através do funk é um direito garantido por Lei, além de senso comum em qualquer sociedade civilizada e minimamente moderna. No Morro Dona Marta, depois de quase dois meses de muita controvérsia, além de episódios de abuso de poder policial, os bailes foram liberados novamente, sob a condição de não tocarem os “proibidões”, versões muito explícitas do cotidiano das favelas, que contém desde relatos de torturas e agressões até cânticos de guerra de facções. Estas e as músicas de caráter pornográfico estão proibidas, mas de forma geral a comunidade poderá voltar a curtir o baile novamente e espera-se que seja numa relax, numa tranquila, numa boa.

Consciência ambiental também é cultura!

Por lixao1Isabella Menezes

Quem imagina que todo dia, cada um de nós, cidadãos brasileiros, é capaz de produzir até 1 kilo de lixo? Este é um problema do qual não podemos fugir e que gerou uma situação gravíssima nos aterros de lixo das grandes cidades brasileiras.

Este não é um mal exclusivamente nosso, mas no Brasil a situação é crítica pois cerca de 80% dos municípios do país apenas acumula o lixo nos depósitos, popularmente conhecidos como “ lixões”, sem se preocupar com as consequências disto para a natureza e para  as populações, uma vez que este “lixões” causam poluição nos rios, no solo, na água que bebemos e no ar, pois a falta de manipulação adequada do lixo também gera combustão espontânea do mesmo, contaminando seriamente o ar que respiramos e de que tanto precisamos para sobreviver.

Muita gente pensa que se o lixão está afastado de sua casa ele não estará causando nenhum problema. Este é um sério engano. A poluição ocasionada por um lixão tem um raio de contaminação de quilômetros, devido ao fluxo das águas e do ar. Segundo o Laboratório de Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade Federal de Viçosa (UFV), de Minas Gerais, a má gestão destes resíduos é responsável por 65% das doenças no Brasil, um número realmente preocupante. E ainda tem mais; estes depósitos costumam atrair a população que se encontra abaixo do nível da pobreza e completamente desamparada pelos órgãos responsáveis, a procurararem sua sobrevivência a partir de materiais que podem ser comercializados. As condições são totalmente desumanas e geram sempre consequências terríveis para a população como um todo.

Mas afinal, o que são os “lixões”? Os “lixões” são depósitos de lixo sem nenhum tratamento. Em sua maioria trabalham com licença dos órgãos municipais, não atendendo as normas básicas de funcionamento previstas nas leis ambientais. A reciclagem e a coleta seletiva são algumas alternativas para diminuir o impacto urbano da geração cada vez maior de lixo, mas mesmo assim, ainda existe o risco de contaminação pelo lixo tóxico, que não pode ser reutilizado devido ao alto risco de contaminação. Então o que se pode fazer com os bilhões de toneladas de lixo que não podem ser reciclados? O aterro sanitário é a única opção plausível para os resíduos que não podem ser reaproveitados, nem reciclados. A grande diferença do aterro sanitário é a responsabilidade com que é o lixo tratado. Desde a seleção da área, elaboração do terreno e intervenção, até a determinação de vida útil e recuperação da área depois do seu encerramento, tudo é refletido, montado e operado de maneira coerente para impedir prejuízo à saúde pública e ao meio ambiente.

O terreno de um aterro sanitário é impermeabilizado para impedir que o chorume (líquido escuro contendo alta carga poluidora e que pode ocasionar diversos efeitos sobre o meio ambiente) contamine o solo e os lençóis freáticos. O lixo é compactado e recoberto periodicamente com uma camada de terra para evitar o cheiro desagradável e não atrair vetores de doenças. Ao final da vida útil a empresa que opera é responsável por efetuar um plano de recuperação do terreno.

Nosso jornal deixa aqui seu recado às autoridades, na esperança de que um dia, tudo que foi explicado aqui vire realidade e que possamos ter uma vida mais prática e saudável, percebendo que o Mundo é parte integrante da nossa vida e que é nossa responsabilidade cuidar bem dele.

Desconstruindo Tropa de Elite

Foto de Renato dos Anjos

Foto de Renato dos Anjos

Por Isabella Menezes

Da maneira como se apresenta, Tropa de Elite nos faz pensar que este é, além de um filme atual e contemporâneo, algo grandioso e que vem para marcar uma época na história do cinema nacional. De fato marcou. Assim como Cidade de Deus, Tropa de Elite é um dos filmes brasileiros mais vistos no país e no exterior e também, tão premiado e cantado em prosa e verso quanto. A primeira cena deixa claro que se trata de um filme urbano, moderninho, “carioca”, com direito à incursões em favelas, policiais em sua maioria corruptos e os famosos playboyzinhos da Zona Sul do Rio de Janeiro. A identificação do grande público é imediata. A cena e todo o filme seguem mais parecendo uma manchete dos telejornais locais, com policiais armados, muitos tiros, traficantes e funk proibido bem alto nos ouvidos de todos. Antes de ser lançado oficialmente, o filme sofreu um golpe que poderia ter sido fatal para seu faturamento e projeção nacional. Um funcionário envolvido na produção fez uma cópia pirata do filme já finalizado e o disponibilizou, tanto na internet, quanto na mão dos inúmeros vendedores ambulantes, os conhecidos camelôs, que faturaram bastante com um filme que se propunha a contar uma história próxima da realidade do “povão”, pessoas pobres e de comunidades carentes, que conheciam muito bem o cotidiano de violência que é mostrado no filme. Não se sabe dizer ao certo o quanto foi bom ou ruim o vazamento do filme na internet. A verdade é que este foi o filme mais visto de 2007 e pelo público mais diversificado entre si, uma vez que, da Região Sul ao Nordeste, as expressões usadas no filme, como “pede pra sair”e “você é um fanfarrão” podiam ser ouvidas em sotaques bem distintos. Ainda assim, com a profusão de cópias correndo o país e a esta altura, uma parte do mundo, a estreia nos cinemas conseguiu um número bastante expressivo em se tratando de cinema nacional e logo depois desbancou filmes americanos de grande porte nas bilheterias, alcançando o primeiro lugar durante as várias semanas em que ficou em cartaz em milhares de salas espalhadas pelo país e pelo mundo. No Brasil não se falava em outra coisa senão no Capitão Nascimento, o personagem exercido com muita devoção pelo ator baiano Wagner Moura. Capitão Nascimento tornou-se referência para tudo e suas frases de efeito foram parar na publicidade, na boca de crianças e adultos de todas as classes sociais. O personagem é inspirado no herói principal do livro “A Elite da Tropa”, best seller brasileiro, escrito por dois ex-funcionários do BOPE, Rodrigo Pimentel e André Batista, em parceria com o sociólogo Luiz Eduardo Soares e em cuja história o filme se baseia, mesmo que o diretor José Padilha insista em negar que seu roteiro é baseado no livro. José Padilha e Rodrigo Pimentel conheceram-se à época das gravações do documentário “Onibus 174”, que contava a trágica história do assalto à um ônibus em 2000, no bairro do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro e que terminou com a morte de uma das reféns, numa ação inexplicavelmente incompetente por parte do BOPE e de toda a Secretaria de Segurança da época. O bandido foi morto por sufocamento, dentro da viatura policial, sob o olhar das câmeras de televisão postas nos helicópteros das emissoras. Nada aconteceu e ninguém foi punido pela Justiça em nehuma das duas mortes do caso. O documentário cumpre muito bem o papel dele; mostra-se imparcial e apresenta os dois lados da história, dando ao espectador a chance de decidir, por si só, quem tinha mais ou menos culpa naquela terrível história. Tropa de Elite viria na seqüência, também na forma de documentário. Depois de 2 anos de pesquisas junto ao BOPE e com o sucesso do livro, o caminho do filme foi tomando outro rumo, até chegar no roteiro final, que é considerado ficção, apesar de narrar uma história real e se colocar sob um único ponto de vista, o da polícia. Essa medida de neutralidade e imparcialidade infelizmente foi perdida em Tropa de Elite. Apesar do sucesso estrondoso e de seu valor inegável como fenômeno de crítica e, principalmente, de público, meu olhar sobre o filme destoava do da grande maioria que comentava ou escrevia sobre o filme. Minha sensação era a de que somente eu não tinha conseguido me divertir durante um filme em que a tortura, a utilização do Estado para favorecimentos pessoais pela polícia, a corrupção impregnada em todos os níveis da Instituição e o sucateamento das forças policiais carioca, não poderiam sequer parecer engraçado ou divertido sob os olhos do público, que, despreparado e sem parâmetros convencionais para um embasamento crítico sobre o ponto em que chegamos em termos de violência e corrupção, comprou a história de que somente os policiais do BOPE estão livres deste mal, entranhado em toda a polícia. A tortura não é tida por eles como algo de ruim, pelo contrário; ela é não só aceitável, mas justifícável e cotidiana, para aqueles agentes do BOPE. Aquilo não me divertiu mas me fez pensar e muito no que foi exposto em duas horas de narrativa. O Bem não é bom e o Mal distingue-se dele apenas pelo uso de uma farda por parte de seus praticantes. O público delirava. Em termos técnicos, este filme supera a grande maioria dos filmes nacionais; tudo no filme é de primeira: som, fotografia, edição, direção de atores, direção de arte, continuidade e etc. Enfim, ele realmente preenche se não todos, a maioria dos quesitos técnicos com excelência. Não à toa o filme acumulou até hoje quase dez prêmios, entre eles, o desejadíssimo Urso de Ouro, em Berlim, em 2008. O que incomoda a mim, particularmente, é o posicionamento claro a favor do BOPE e de seus métodos injustificáveis, em que se põe o ditetor e a maneira maniqueísta com a qual ele desenvolve sua narrativa cinematográfica e nos envolve em sua história. Diálogos e cenas beiram o esteriótipo de algo que ainda é distante de se atingir no Brasil: uma polícia absolutamente incorruptível. Qualquer pessoa bem informada, que saiba algo sobre políticas públicas e questões de segurança, já leu ou ficou sabendo de alguma posição ilícita de membros da corporação, seja em qualquer nível hierárquico. Empurrar “goela a baixo” do espectador que os homens que integravam o BOPE em 1997 estavam completamente imunes à corrupção e acima do Bem ou do Mal é como justificar e tentar fazer com que as pessoas acreditem que a culpa da situação absurda que se instalou nesta cidade é da turminha do “cigarrinho natural” e não de um imenso e poderoso sistema que conta com empresários, políticos e pessoas da esfera judiciária para garantir a compra, entrada, distribuição e vendas dessas drogas no país. É óbvio que as pessoas tem culpa por suas ações, mas simplificar um problema tão imenso e grave quanto este à um número irrisório de usuários de maconha, que no filme são rotulados como “mauricinhos da zona sul” (numa clara demonstração de preconceito, discriminação e categorização de uma parcela privilegiada da população) é como culpar a natureza pelas tragédias que ocorrem e não enxergar estas mesmas tragédias naturais como consequência do mal uso do meio ambiente. Não cola! Não preenche as lacunas corretas. Se a população carente consome drogas tanto quanto ou mais que a população de classe média ou alta, ambas são vítimas de alguma circunstância de maneira igual. Mudam as causas mas não as conseqüências. Não posso contestar o valor cultural do filme ou desdenhar sua proposta. De fato, foi a primeira vez que um filme brasileiro se dispôs a mostrar um ponto de vista diferente do que o que o cinema nacional estava acostumado até então, que era sempre o ponto de vista do bandido, da marginalidade ( Cidade de Deus, Carandiru). Pela primeira vez, a câmera estava não só do lado da polícia mas também a seu favor, através de um olhar manipulador, disfarçado pela naturalidade com que absorvemos a violência urbana como algo normal, habitual. O que tem para se lamentar é que não há para o público uma escolha de julgamento sobre o Capitão Nascimento ou mesmo o BOPE. O julgamento só é imposto aos usuários de droga, bandidos e à polícia militar, que é totalmente desmoralizada nesta narrativa que se posiciona tão a favor da corporação do BOPE, que se presta a justificar as ações tenebrosas exercidas pela equipe do Capitão Nascimento. Estes não são julgados por ninguém, nem mesmo pelo público. Muita contradição e manipulação num filme que se propunha a ser uma espécie de porta-voz do grande público, do povo que sofre com os traficantes dando ordens nas comunidades, mas que temem ainda mais os policiais do BOPE, que imbuídos do poder do Estado e no caso do filme com a concordância do público e crítica, são capazes de atos reprováveis e indescritíveis, tanto militar, quanto eticamente.

Gripe Suína 1

mexico_pandemiaNuma Praça do México

By José Saramago

Não sei nada do assunto e a experiência directa de haver convivido com porcos na infância e na adolescência não me serve de nada. Aquilo era mais uma família híbrida de humanos e animais que outra coisa. Mas leio com atenção os jornais, ouço e vejo as reportagens da rádio e da televisão, e, graças a alguma leitura providencial que me tem ajudado a compreender melhor os bastidores das causas primeiras da anunciada pandemia, talvez possa trazer aqui algum dado que esclareça por sua vez o leitor. Há muito tempo que os especialistas em virologia estão convencidos de que o sistema de agricultura intensiva da China meridional foi o principal vector da mutação gripal: tanto da “deriva” estacional como do episódico “intercâmbio” genómico. Há já seis anos que a revista Science publicava um artigo importante em que mostrava que, depois de anos de estabilidade, o vírus da gripe suína da América do Norte havia dado um salto evolutivo vertiginoso. A industrialização, por grandes empresas, da produção pecuária rompeu o que até então tinha sido o monopólio natural da China na evolução da gripe. Nas últimas décadas, o sector pecuário transformou-se em algo que se parece mais à indústria petroquímica que à bucólica quinta familiar que os livros de texto na escola se comprazem em descrever…

Em 1966, por exemplo, havia nos Estados Unidos 53 milhões de suínos distribuídos por um milhão de granjas. Actualmente, 65 milhões de porcos concentram-se em 65.000 instalações. Isso significou passar das antigas pocilgas aos ciclópicos infernos fecais de hoje, nos quais, entre o esterco e sob um calor sufocante, prontos para intercambiar agente patogénicos à velocidade do raio, se amontoam dezenas de milhões de animais com mais do que debilitados sistemas imunitários.

Não será, certamente, a única causa, mas não poderá ser ignorada. Voltarei ao assuntoVer : http://caderno.josesaramago.org/2009/04/29/gripe-suina/

Gripe suína (2)

By José Saramago

Continuemos. No ano passado, uma comissão convocada pelo Pew Research Center publicou um relatório sobre a “produção animal em granjas industriais, onde se chamava a atenção para o grave perigo de que a contínua circulação de vírus, característica das enormes varas ou rebanhos, aumentasse as possibilidades de aparecimento de novos vírus por processos de mutação ou de recombinação que poderiam gerar vírus mais eficientes na transmissão entre humanos”. A comissão alertou também para o facto de que o uso promíscuo de antibióticos nas fábricas porcinas – mais barato que em ambientes humanos – estava proporcionando o auge de infecções estafilocócicas resistentes, ao mesmo tempo que as descargas residuais geravam manifestações de escherichia coli e de pfiesteria (o protozoário que matou milhares de peixes nos estuários da Carolina do Norte e contagiou dezenas de pescadores).

Qualquer melhoria na ecologia deste novo agente patogénico teria que enfrentar-se ao monstruoso poder dos grandes conglomerados empresariais avícolas e ganadeiros, como Smithfield Farms (suíno e vacum) e Tyson (frangos). A comissão falou de uma obstrução sistemática das suas investigações por parte das grandes empresas, incluídas umas nada recatadas ameaças de suprimir o financiamento dos investigadores que cooperaram com a comissão. Trata-se de uma indústria muito globalizada e com influências políticas. Assim como o gigante avícola Charoen Pokphand, radicado em Bangkok, foi capaz de desbaratar as investigações sobre o seu papel na propagação da gripe aviária no Sudeste asiático, o mais provável é que a epidemiologia forense do surto da gripe suína esbarre contra a pétrea muralha da indústria do porco. Isso não quer dizer que não venha a encontrar-se nunca um dedo acusador: já corre na imprensa mexicana o rumor de um epicentro da gripe situado numa gigantesca filial de Smithfield no estado de Veracruz. Mas o mais importante é o bosque, não as árvores: a fracassada estratégia antipandémica da Organização Mundial de Saúde, o progressivo deterioramento da saúde pública mundial, a mordaça aplicada pelas grandes transnacionais farmacêuticas a medicamentos vitais e a catástrofe planetária que é uma produção pecuária industralizada e ecologicamente sem discernimento.

Como se observa, os contágios são muito mais complicados que entrar um vírus presumivelmente mortal nos pulmões de um cidadão apanhado na teia dos interesses materiais e da falta de escrúpulos das grandes empresas. Tudo está contagiando tudo. A primeira morte, há longo tempo, foi a da honradez. Mas poderá, realmente, pedir-se honradez a uma transnacional? Quem nos acode?

A ARTE DE ESCULPIR GENTE DE PLÁSTICO

credito_-washington-post1Por Eduardo Martins

Entediado com a solidão, Pigmaleão, um escultor talentoso da ilha de Chipre, decidiu que iria entalhar no marfim a mais perfeita forma feminina. De fato, a partir de um maciço bloco de pedra o artista fez uma ninfa espetacular. Deu-lhe o nome de Galatéia e, como um tolo, passou a adorá-la. Com o tempo, estava sendo devorado pela paixão. Só tinha olhos para a estátua. Amargurado por um amor impossível, Pigmaleão recorreu insistentemente à Vênus, a deusa do amor, para que sua bem amada vivesse. Até que, certo dia, ao beijá-la como de costume, sentiu a pedra morna e suave. Tomado de júbilo, percebeu que Galatéia estava viva.

Mal sabe Ovídio que seu personagem Pigmaleão, retirado do livro Metamorphoses, se tornaria uma espécie de guru informal para aquele que é considerado um dos maiores escultores contemporâneos da atualidade, um australiano que fazia marionetes para o programa infantil Sesame Street e começou a carreira em uma fábrica de manequins. Seu nome é Ron Mueck, tem 50 anos, e é quase impossível não se chocar com o preciosismo de seus trabalhos. Como “Dead Dad”, de 1997, uma peça em escala reduzida representando o corpo nu de seu falecido pai. A semelhança com um corpo real é simplesmente devastadora. Dá para perceber manchas na pele, rugas, cabelos, fios e pelos. Para alguns críticos a obra inaugurou uma nova era na escultura e possui tantos pormenores que forma um nó perceptivo: “É tão perfeito que não pode ser real”.

Mueck descende intelectualmente de um grupo de artistas plásticos surgidos no fim dos anos 1960, nos Estados Unidos, que igualmente buscaram o realismo em excesso como expressão. O movimento foi chamado Hiperrealismo, e apareceu no cenário artístico feito um tufão em contraponto ao minimalismo e à arte abstrata, que andavam em alta na época. Apesar do nome é uma espécie de filho bastardo do realismo do século XIX. Identificava-se mais com a Pop Art, principalmente no que diz respeito ao uso de elementos da cultura de massa – sem contar a postura de alienação social e a obsessão pelo virtuosismo técnico. A diferença entre ambas estava na abordagem. Enquanto Warhol, Lichtenstein e trupe glamourizavam o cotidiano e o culto às celebridades, o Hiperrealismo apostava na banalização da vida diária e na valorização dos personagens anônimos, vulgares e suburbanos.

O grande mérito do australiano é que nenhum outro escultor foi tão primoroso, nem mesmo os precursores hiperrealistas Duane Hanson e John DeAndrea. Mas muitas vezes o escultor consegue uma façanha ainda maior que reproduzir um corpo humano em detalhes. Ele é capaz de extrair uma variada gama de sentimentos complexos de quilos de fibra sintética, silicone, resina e poliéster. Seus personagens possuem uma fragilidade pungente, por vezes são mesquinhos, covardes, outros são atormentados, como que conscientes de suas limitações, perseguidos por medos, preocupações e questões existenciais.

“Crouching Boy”, de 2001, mede 5 metros de altura, e apesar de suas proporções monolíticas, parece vulnerável e inseguro como um garotinho perdido. Ao se aproximar, o espectador se encanta com a riqueza de detalhes: tecidos musculares esculpidos delicadamente, os dedos gigantescos e a intensidade dos olhos com suas grossas pestanas. A escultura possui uma presença enigmática, e é quase uma “esfinge” entre as obras de Ron Muck. “Pregnant Woman”, de 2002, tem 2 metros e meio, feita em fibra de vidro e silicone, é a própria imagem da maternidade e revela a capacidade do artista em retratar a temática da gravidez. Consegue ser forte sem omitir toda a vulnerabilidade e a intensidade emocional que a situação sugere. Mas não é só isso, a obra também causa um fascínio extra por sua extrema perfeição. Ela possui poros, folículos do cabelo e é possível notar até mesmo as sombras das veias logo abaixo da pele. Tem se a impressão de que a qualquer momento aquela mulher vai sair caminhando.

Sentado no chão rente à parede está “Big Man” (foto), de 2000, um homem nu, idoso e robusto, com 2,41 metros de altura. Tem um semblante pesado, um ar ensimesmado, como se estivesse contrariado ou louco. Consegue ser o mais instigante retrato da solidão humana na arte contemporânea. “In Bed”, de 2005, mostra uma mulher de olhos tristes, mão levada à boca, com a cabeça recostada sobre um travesseiro e o corpo enrolado em um edredon. Por trás da cena banal, o artista procura dialogar com questões existenciais, onde através da resignação facial e prostração física, esconde-se melancolia e apatia.

Ron Mueck gosta de explorar a fronteira entre o real e o imaginário. Essa é a sua temática principal, e faz isso com propriedade criando figuras anatomicamente perfeitas, mas com dimensões fora de qualquer padrão de normalidade. Analisando os trabalhos do escultor, a associação com o conto de Ovídio é quase instantânea. Assim como o mito de Pigmaleão e Galatéa, as esculturas de Mueck parecem somente esperar a prece de algum coração apaixonado para ganharem vida.

Um sopro de nonsense no cenário óbvio do teatro carioca contemporâneo.

Por Isabella Menezes

Um espetáculo que começa com confissões de canibalismo contra criancinhas e de sexo violento com animais por parte de um furacão loiro vestido em  botas de couro, cigarro na piteira e quase dois metros de altura, não está com medo do julgamento do público. E nem de si próprio.

A cena, protagonizada pela modelo e atriz Giani Albertoni, abre o espetáculo “Cachorras-Quentes”, uma comédia nonsense com texto de Luiz Carlos Góis, que se presta exatamente à isso: chocar, causar estranheza e, deste sentimento, extrair as gargalhadas intermináveis do público. Em cena com Giani está a experiente atriz Leticia Isnard, que com uma boa bagagem  em comédias, torna mais fácil a movimentação cênica da top, que vem se dedicando exclusivamente nos últimos meses ao espetáculo, tendo inclusive recusado propostas de moda, demonstrando que o resultado obtido em cena não agrada por acaso.

A verdade é que as duas se completam no palco. Ambas tem monólogos na peça, mas é quando estão juntas, naquela ambientação da neurose mental em que as duas personagens principais (duas escritoras de um programa de televisão) estão submersas que a coisa pega fogo… a partir desta premissa, o espectador segue numa viagem alucinógena, com picos de nonsense total e humor negro da melhor qualidade. A realidade das duas escritoras (que também são namoradas e vivem em crise conjugal) e a fantasia de suas histórias se misturam e suas esquetes de trabalho são encenadas por elas mesmas, tornando tudo mais confuso, mas também muito mais divertido.

Vanusa, a professora de etiqueta falida e mal paga, que carrega 3 metros de trança para lá e para cá do palco, enquanto dá sua “aula” de boas maneiras, com direito à palavrões e grosserias extremas, demonstram que Giane Albertoni sabe bem encher um palco com a segurança de quem ensaiou muito, mas também de quem tem um talento natural inegável para a comédia. Ela sabe rir de si mesma e põe seu material de trabalho (seu corpo e rosto perfeitos) à disposição da arte cômica sem nenhuma vaidade. Seu desprendimento estético é tanto que, em outra cena do espetáculo, um duelo entre as irmãs hipocondríacas, Irênia e Iracêmia, que disputam entre si, o título de mais doente do hospital onde estão, da família e que sá, do mundo, Giane aparece irreconhecível, de peruca de piaçava e maquiagem de morto-vivo; uma imagem bem distante da top glamourosa, imortalizada nas fotos dos grandes desfiles para os maiores costureiros do mundo da moda.

Sua colega de cena também tem seu momento. Na cena em que a personagem de Letícia Isnard, a romântica e quase imbecil, Virnalise, conversa com uma amiga muda pelo telefone é impossível a platéia não vir a baixo de tanto rir. Sua conversa com a amiga com problemas na fala, para ser politicamente correto, segue e o diálogo gestual descontrolado e sem sentido lógico e o ar noir da cena nos levam à uma situação inusitadamente macabra, com direito a muito suspense e terror psicológico… tudo na maior graça do mundo, é claro!

O texto agitado, moderno e contemporâneo, nos tira do chão, da realidade cotidiana, do politicamente correto, da maneira “certinha” de ser que se impôs a nós e abusa das situações de humor negro e de frases que nos deixam com a consciência pesada, mas com a alma mais leve de tanto gargalhar, afinal todos nós temos um lado negro que detestamos mostrar aos outros, mas que adoramos quando alguém toma a frente e faz isso por nós.  Identificação absoluta e diversão garantida.

 

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Cachorras Quentes http://www.cachorrasquentes.com.br/

Texto Luiz Carlos Goes.

Diretor Marcus Alvisi.

Com Gianne Albertoni e Leticia Isnard.

 

Teatro do Leblon, Sala Tônia Carrero, (Rua Conde Bernadotte, 26, Leblon). Tel.: 2274-3536. Capacidade: 210 lugares.

 

Quintas, sextas e sábados, às 21h. Domingos, às 20h.

 

Ingressos: R$ 60,00 (quintas e sextas) e R$ 70,00 (sábados e domingos).

Classificação etária: 16 anos. Duração: 90 minutos.
De 06 de março até 03 de maio.

Festival Internacional de Documentários

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São Paulo – de 25 de março a 05 de abril 

Rio de Janeiro – de 26 de março a 05 de abril

Brasília – 14 de março a 26 de abril

Programação http://www.etudoverdade.com.br/2009/programacao/index.asp?lng=

Um dos legados culturais da finada era Bush foi o involuntário estímulo à renovação do documentário com causa. Talvez desde o auge da Guerra Fria (1945-1989) nos anos 1960, o cinema-punho não tenha mobilizado tantos corações e mentes.

Uma nova era se inicia em 2009, com crise e esperança alternando-se na definição destes outros tempos. O documentário contemporâneo já é também outro, como revela a extraordinária safra brasileira e internacional exibida nesta 14a. edição do É Tudo Verdade.

Maior pluralidade temática e estilística já se faz sentir e mesmo o documentário militante marca presença para além da polarização estabelecida pela “Guerra ao Terror”. Essa expansão das fronteiras do documentário encontra uma de suas mais fascinantes traduções na obra, a um só tempo política, confessional e performática, do cineasta israelense Avi Mograbi.

Trazendo seu mais recente filme, “Z32”, Mograbi visita pela primeira vez o festival e está ao centro da nona edição da Conferência Internacional do Documentário, co-realizado com o Cinusp e o Sesc-SP. Nada mais natural que o tema principal do encontro sejam os novos desafios para o documentarismo engajado.

Embalado pelos ventos gerais de renovação, o próprio festival experimenta neste ano uma nova fórmula, duplicando sua presença no calendário, a fim de ampliar tanto o acesso do público quanto a agenda do cinema não-ficcional no país. Tudo isso é possível mais uma vez pelo engajamento reiterado de nossos patrocinadores, mesmo neste ano de dificuldades atípicas, e sobretudo pela confiança reafirmada dos produtores e realizadores que privilegiaram o É Tudo Verdade como janela primeira para suas obras. Nossa gratidão é infinita.

Desejo a todos, em nome da incomparável equipe do festival, uma viagem inesquecível pelo melhor do documentário hoje!

Amir Labaki
Fundador e Diretor

Surpresas de uma monografia

Por Tereza Cristina de Oliveira

 

O processo de desenvolvimento de uma pesquisa para uma monografia pode revelar-se angustiante. Concordo. Ninguém se diverti fazendo esse trabalho, mas acabo de admitir que podemos ter surpresas emocionantes.  Acabei de encontrar um vídeo real e emocionante como resultado do meu processo de pesquisa. Para alguns pode não ser novidade, já que o filme foi lançado em setembro do ano passado, porém para mim foi um verdadeiro achado. Ficou curioso? Então clique em http://www.youtube.com/watch?v=Y1hzDzAvJOY e confira a reação do escritor José Saramago ao ver o filme “Ensaio sobre a Cegueira”, de Fernando Meirelles, baseado em seu livro, com o mesmo nome e Prêmio Nobel de Literatura.

Repare que entre Saramago e Meirelles há duas emoções – risos e lágrimas – que embora pareçam contraditórias, no vídeo, representam um mesmo sentimento: Felicidade.